CSI: Quem Falsificou os Dados de Mendel? / Métodos Estatísticos para Modelar e Prever o Impacto das Epidemias de Gripe em Portugal (Seminários no âmbito Mestrado Bioestatística)

 

  • Profª Ana M. Pires – Departamento de Matemática e CEMAT-IST/ Profª M. Lucília Carvalho – CEAUL e Faculdade de Ciências Universidade de Lisboa
  • FCUL – Campo Grande – Bloco C8 Piso 2 – Sala 8.2.02 – 16:00 h
  • Quinta-feira, 6 de Dezembro de 2012
 
  Abstracts:

 

CSI: QUEM FALSIFICOU OS DADOS DE MENDEL?

Gregor Mendel (1822-1884) é reconhecido, quase unanimemente, como o fundador da genética moderna. No entanto, há muito, uma sombra de dúvida foi lançada sobre a sua integridade por outro cientista eminente, o estatístico e geneticista, Sir Ronald Fisher (1890-1962). Fisher questionou a veracidade dos dados que formam o núcleo do trabalho de Mendel. Esta questão, hoje conhecida como a “controvérsia Mendel-Fisher”, data de 1911, altura em que Fisher colocou pela primeira vez as suas dúvidas sobre os resultados de Mendel que, no entanto, só viria a publicar num artigo de 1936. 

Existe um grande número de trabalhos publicados sobre esta polémica, incluindo um livro (Franklin et al., 2008), intitulado “Ending the Mendel-Fisher controversy”, com o objetivo declarado de acabar de vez com o problema, e reabilitar definitivamente a imagem de Mendel. No entanto, Franklin et al. não conseguem ser conclusivos, declarando mesmo, “the issue of the ‘too good to be true’ aspect of Mendel’s data found by Fisher still stands”.Foi efetuado um estudo detalhado dos dados de Mendel e da análise de Fisher com o objetivo de tentar descobrir a explicação oculta ou alguma pista que permitisse encontrar uma resposta para as seguintes perguntas: Fisher tinha ou não tinha razão? E, se Fisher tinha razão, existirá alguma explicação razoável para o facto de os dados parecerem ser “bons demais para serem verdadeiros”, que não seja a de fraude deliberada? Neste seminário apresentam-se alguns dos resultados desta investigação e as conclusões obtidas.

 

MÉTODOS ESTATÍSTICOS PARA MODELAR E PREVER O IMPACTO DAS EPIDEMIAS DE GRIPE EM PORTUGAL

A gripe é uma infeção respiratória aguda com um impacto muito importante na saúde humana e encargos sociais diretos e indiretos muito elevados. Por essa razão, existem Sistemas de Vigilância epidemiológica da Gripe que coligem informação respeitante ao desenvolvimento dos surtos gripais com objetivos diversos, como por exemplo o de avaliar a posteriori as consequências das epidemias, ou o de detetar precocemente o seu início, pico de intensidade e termo para que se possam tomar medidas que as mitiguem. Apesar dos esforços realizados por estes sistemas, a informação recolhida é frequentemente incompleta ou produzida com atrasos e o seu tratamento com os fins citados envolve normalmente a utilização de modelos e métodos estatísticos sofisticados.

Neste seminário são apresentados sumariamente os resultados de três artigos publicados por uma equipa de membros CEAUL que ilustram metodologias de abordagem de alguns tipos problemas que surgem neste contexto, a saber: a estimação do excesso de mortalidade provocado pelas epidemias de gripe, o “nowcasting” (previsão a muito curto termo) do estado de evolução do surto de gripe (epidémico ou não epidémico) e da taxa de incidência da doença, com base em dados produzidos pelo INSA, e a estimação da mesma taxa com base em informação recolhida por sistemas de participação voluntária, neste caso o GRIPENET.