Modelos não Lineares de Efeitos Mistos na Farmacocinética da Ciclosporina em Doentes Transplantados Renais / Coeficiente Correlacional de Concordância e Coeficiente de Concordância Top-Down: algumas reflexões (Seminários âmbito Mestrado em Bioestatística)

 

  • Drª Ana Sofia Cardoso – Serviço de Gestão Técnico-Farmacêutica, Centro Hospitalar Lisboa Norte-HSM / Profª Júlia Teles – Faculdade de Motricidade Humana e CIPER, UTL
  • FCUL – Campo Grande – Bloco C6 Piso 2 – Sala 6.2.52 – 16:00 h
  • Quarta-feira, 12 de Dezembro de 2012
 
 Abstract:

MODELOS NÃO LINEARES DE EFEITOS MISTOS NA FARMACOCINÉTICA DA CICLOSPORINA EM DOENTES TRANSPLANTADOS RENAIS

 

A farmacocinética estuda o percurso que um fármaco faz no organismo com recurso a modelos matemáticos, designados de modelos farmacocinéticos. Os parâmetros desses modelos caracterizam o perfil concentração-tempo de um fármaco no organismo sendo, por isso, essenciais na individualização posológica da terapêutica, com vista a maximizar a sua eficácia e reduzir os efeitos adversos.

Os dados necessários para a análise farmacocinética consistem na medição, após a administração, das concentrações sanguíneas do fármaco, obtidas ao longo do tempo para cada indivíduo. Este tipo de dados, aos quais se dá o nome de dados longitudinais, requer particular cuidado na caracterização da variabilidade, uma vez que as observações intra indivíduos tendem a estar correlacionadas. Os modelos mistos, através da incorporação de efeitos fixos (parâmetros associados à população) e efeitos aleatórios (efeitos associados aos indivíduos), permitem modelar esta dependência e acomodar a variabilidade intra e interindividual tendo, por isso, particular interesse nesta área.Este trabalho teve como objetivo fundamental estimar os parâmetros farmacocinéticos da ciclosporina recorrendo a dados longitudinais obtidos, após administração oral, em doentes transplantados renais, através da aplicação de modelos não lineares de efeitos mistos, também designados por modelos não lineares mistos, e identificar algumas covariáveis responsáveis pela variabilidade intra e interindividual da ciclosporina na subpopulação estudada.

COEFICIENTE CORRELACIONAL DE CONCORDÂNCIA E COEFICIENTE DE CONCORDÂNCIA TOP-DOWN: ALGUMAS REFLEXÕES

 

Quem trabalha na área da Estatística Aplicada ainda se depara com a necessidade de encontrar soluções para questões que lhe são colocadas com alguma celeridade,  porque “o trabalho já está pronto, falta apenas a análise estatística”, como diz frequentemente o nosso interlocutor! O coeficiente correlacional de concordância e o coeficiente de concordância top-down foram utilizados para dar resposta a algumas dessas questões e, neste seminário, são apresentadas algumas reflexões sobre estas medidas de acordo.

A avaliação da reprodutibilidade de uma experiência, método ou instrumento, ou a fiabilidade entre juízes é uma temática que desperta o interesse de investigadores de diversas áreas, nomeadamente da Saúde e do Desporto. O coeficiente correlacional de concordância (Lin, 1989, 1992) é um índice utilizado na avaliação da concordância entre pares de observações de natureza contínua. Este coeficiente pode ser escrito como o produto de duas componentes, que quantificam a precisão e exatidão que, por sua vez, pode ser expressa à custa de deslocamentos de escala e de localização. Deste modo, em situações de falta de acordo, é fácil identificar a sua origem e propor eventuais ações corretivas. Outra vantagem deste coeficiente é a sua intuitiva generalização para mais de dois avaliadores (e.g., Barnhart et al., 2002). No entanto, é preciso ter cuidado na utilização deste índice pois quando a variabilidade entre indivíduos é substancialmente superior à variabilidade entre avaliações, este coeficiente sobrestima o valor da concordância.

Em determinadas situações, em que o objetivo é a avaliação do acordo entre as observações de ordem inferior ou de ordem superior, o coeficiente de concordância top-down (Iman e Conover, 1987), que utiliza os scores de Savage (Savage, 1956), revela-se uma opção mais adequada do que o coeficiente de concordância de Kendall.

Com a apresentação de exemplos e de resultados de estudos de simulação espera-se que este seminário permita uma reflexão sobre o uso (e abuso?) destas duas medidas de concordância.