Seminários âmbito Mestrado Bioestatística – (1) Estimativa de Parâmetros Farmacocinéticos Populacionais (2) Métodos Estatísticos em Meta-Análise

 

  • Drª Ana Paula Carrondo – Centro Hospitalar Lisboa Norte, HSM e FFUL / Drª Susana Esteves – Gabinete Investigação Clínica – IPO /
  • FCUL (DEIO) – Campo Grande – Bloco C6 Piso 4 – Sala: 6.4.30 – 17:00h
  • Segunda-feira, 6 de Dezembro de 2010
 
 Seminário 1 

A farmacocinética (PK) consiste no estudo dos processos de absorção, distribuição, metabolismo e eliminação dos fármacos no organismo. Para a sua caracterização estimam-se parâmetros farmacocinéticos como a clearance (CL) o volume de distribuição no organismo (Vd), entre outros.

Seminário 2

Nos últimos anos, dada a maior ênfase na medicina baseada na evidência, a meta-análise tem vindo a assumir uma importância crescente na investigação médica. A meta-análise consiste na síntese quantitativa dos resultados de vários estudos independentes que abordam a mesma questão mediante aplicação de métodos estatísticos. Esta síntese, produzida sobre um conjunto de estudos, procura reduzir o grau de incerteza sobre os efeitos benéficos ou indesejáveis das intervenções em saúde.

A crescente importância da meta-análise tem vindo a ser acompanhada pelo desenvolvimento e refinamento dos métodos estatísticos utilizados, de que são exemplo os métodos de comparação indireta. Estes métodos, que recorrem a modelos e métodos de estimação mais complexos do que os métodos clássicos de comparação direta, procuram dar resposta a problemas relacionados com a ausência ou escassez de estudos de comparação direta entre as intervenções de interesse ou ainda com a necessidade de avaliação simultânea de múltiplas intervenções. No âmbito deste seminário serão apresentados aspectos gerais relativos a meta-análise, discutindo-se em seguida uma aplicação prática dos métodos de comparação indireta no contexto do tratamento de mieloma múltiplo.

Estes parâmetros são característicos do fármaco mas podem apresentar variabilidade intra ou interindividual dependendo das características do indivíduo ou da patologia. Pode ser importante prever o comportamento cinético de um medicamento por exemplo numa determinada subpopulação de doentes, durante o processo de desenvolvimento de fármacos, antes da sua  comercialização.

A aplicação da análise populacional à farmacocinética permite a estimativa da distribuição dos parâmetros pK e das suas relações, considerando a amostra da população como a unidade de análise. Esta metodologia é aplicável quer a dados farmacocinéticos do tipo observacional, não equilibrados e fragmentados, quer a dados convencionais experimentais, recolhidos através de metodologias rígidas e em grande número. No seu desenvolvimento implementam-se modelos farmacocinéticos populacionais para descrever a variabilidade inter e intraindividual, a aleatória, e a sua relação com as covariáveis, que podem ser preditoras do comportamento cinético do fármaco no organismo.

O método não linear de efeitos mistos (NONMEM) é um exemplo desta metodologia de caracterização farmacocinética populacional.

A análise consiste essencialmente na aplicação de um conjunto de técnicas gráficas e estatísticas auxiliares, de forma a caracterizar a informação disponível para análise e verificar a viabilidade dos métodos, tais como, análise de distribuição dos dados recorrendo a análise de correlação de variáveis entre si e com os parâmetros farmacocinéticos, determinação de valores médios e desvios padrão. A análise da informação com estas características requer a aplicação de modelos de efeitos mistos que incluam parâmetros farmacocinéticos e estatísticos (parâmetros de efeitos fixos), de modo a calcular a variabilidade intra e interindividual e a detectar os factores que a influenciam (parâmetros de efeitos aleatórios).